A+

A-

Alternar Contraste

Segunda, 23 Junho 2025

Buscar no Site

x

Entre em nosso grupo

2

WhatsApp
Home Seta Gazeta Mais Seta

Curiosidades

Por que rimos quando alguém cai, segundo a ciência

Especialistas explicam os motivos psicológicos e sociais por trás do riso diante de tombos e situações embaraçosas

Raphael Miras

29/05/2025 às 19:59

Continua depois da publicidade

Compartilhe:

Facebook Twitter WhatsApp Telegram
Quando caímos, sempre terá um amigo seu para rir ou se divertir.

Quando caímos, sempre terá um amigo seu para rir ou se divertir. | Reprodução IA

Quem nunca precisou disfarçar o riso ao ver aquele amigo tropeçar na rua — ou soltou uma gargalhada com as clássicas videocassetadas do Faustão?  

Continua depois da publicidade

Por mais que soe cruel, gargalhar diante de um tombo alheio é uma reação mais comum do que se imagina. Mas afinal, por que achamos engraçado quando alguém cai?

A resposta para essa pergunta, ao contrário do que muitos pensam, não está no sadismo ou na frieza emocional, mas sim em um curioso conjunto de fatores psicológicos e sociais que moldam como reagimos a situações inesperadas e inofensivas.

A "receita" do humor de uma queda

Segundo a psicóloga Janet Gibson, professora emérita do Grinnell College, nos Estados Unidos, e especialista em psicologia do humor, quatro ingredientes principais costumam transformar uma queda em uma situação cômica.

Continua depois da publicidade

O primeiro deles é a violação da norma: esperamos que as pessoas caminhem normalmente, do ponto A ao ponto B, sem grandes percalços. 

Quando esse "roteiro" é quebrado, nosso cérebro percebe a ruptura como algo fora do padrão — e, curiosamente, isso pode soar engraçado.

O segundo fator é a surpresa. Um tropeço é quase sempre inesperado, e essa quebra de expectativa tem forte potencial humorístico. 

Continua depois da publicidade

Mais do que a queda em si, é a forma de como ela acontece — o momento, o contexto e até a coreografia involuntária da pessoa indo ao chão — que provoca o riso.

O terceiro elemento é a ausência de gravidade. Se a queda não representa risco sério à saúde da pessoa, ela ganha espaço no repertório do humor. 

Por fim, o quarto ponto é a expressão facial de quem cai. Uma reação de dor ou raiva tende a cortar o clima cômico. Já um semblante surpreso ou envergonhado, com aquele clássico olhar perdido de "o que acabou de acontecer?", reforça o efeito cômico da cena.

Continua depois da publicidade

Quanto mais distante, mais engraçado

Além desses ingredientes, o contexto em que a queda é assistida também influencia nossa reação. O professor de marketing Caleb Warren, da Universidade do Arizona, destaca o papel do distanciamento — seja ele espacial, social ou temporal.

Um tombo registrado em vídeo do outro lado do mundo, com um estranho que nunca vimos, é naturalmente mais "engraçado" do que o de um amigo querido ao nosso lado. 

Da mesma forma, uma queda que aconteceu há meses pode ser recontada hoje em tom de piada, desde que não tenha deixado sequelas.

Continua depois da publicidade

Mas nem todo mundo ri

É importante lembrar que nem todas as pessoas acham graça nas quedas — e nem todo tombo é engraçado. Uma queda pode representar risco sério, especialmente para crianças e idosos. Fraturas e traumas são acidentes reais e devem ser prevenidos com atenção.

Além disso, o humor nem sempre vence a empatia. "Minha reação é de preocupação, não de riso", admite Janet Gibson. "Penso em uma lesão, num acidente sério."

A psicóloga Geneviève Beaulieu-Pelletier, da Universidade de Québec, reforça que rir de um tropeço leve não precisa ser visto como crueldade.

Continua depois da publicidade

“Não rimos do sofrimento. Rimos da surpresa, da incongruência da situação”, diz. “Devemos perdoar a nós mesmos por rir das situações cômicas que envolvem a falta de jeito das pessoas.”

E quem cai? O papel do constrangimento

Do outro lado do riso está o constrangimento. Quem nunca se sentiu envergonhado após uma escorregada em público?

O psicólogo Roland Miller, da Universidade Estadual Sam Houston, nos EUA, explica que o embaraço está ligado à avaliação social. "Nos sentimos mais constrangidos quando há estranhos ao redor, porque nos preocupamos com a imagem que estamos passando", afirma.

Continua depois da publicidade

Curiosamente, situações embaraçosas com amigos ou familiares próximos tendem a causar menos vergonha. Afinal, essas pessoas já nos conhecem e nos aceitam como somos.

O riso como alívio

No fim das contas, rir de um tropeço pode ser uma forma de aliviar a tensão de uma situação inusitada. Desde que a queda não tenha consequências graves, o riso surge como um reflexo humano, involuntário, muitas vezes até solidário.

E se for você quem tropeçou, a dica de Miller é simples: “Levante-se, limpe a sujeira dos joelhos, mostre sua vergonha e siga em frente”.

Continua depois da publicidade

Continua depois da publicidade

Conteúdos Recomendados

OSZAR »